“Vocês, porém, são geração
eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as
virtudes dAquele que os chamou das trevas para Sua maravilhosa luz”. I Pedro 2:9.
Pedro
descreve o novo Israel fazendo uso da descrição direta de Deus que estabeleceu
ao antigo Israel privilégios e responsabilidades (Êxodo 19:5 e 6).
A teologia do sacerdócio real não
começa no Novo Testamento. No Sinai Deus prometeu que Israel seria um reino de
sacerdotes para comunicar poder e a presença de Deus. O poder e a presença de
Deus são privilégios metafísicos que acompanhariam Israel. A principal
responsabilidade constitui no cumprimento da missão. Que, aliás, o próprio
texto identifica sua amplitude, ‘todos os
povos’ (Êxodo 19:5).
Há uma ligação lógica entre o que
Pedro afirmou em sua primeira carta sobre o sacerdócio de todos os crentes com
o que Paulo escreveu em II Coríntios 5:15 a 20. Veja, para Pedro os sacerdotes
de Deus contemporâneos, são àqueles que foram tirados das trevas e colocados na
Luz. Para Paulo, os que foram reconciliados com Deus por meio de Jesus, são
constituídos em embaixadores de Cristo. Ambos usam termos para qualificar o
trabalho de Deus para com a raça humana (salvação) como também definir o
trabalho daqueles que foram salvos.
“Muitos dos crentes a quem Pedro
dirigiu suas cartas estavam vivendo no meio do paganismo, e muito dependia de
permanecerem eles fiéis à alta vocação de sua profissão. O apóstolo insistia em
seus privilégios como seguidores de Cristo Jesus. "Vós sois a geração
eleita", escreveu, "o sacerdócio real, a nação santa, o povo
adquirido para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para
a Sua maravilhosa luz; vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois
povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes
misericórdia." Atos dos Apóstolos, 521.
A santidade do crente oportuniza-o
para a missão da igreja, enquanto que, uma vida pecaminosa constante e
inveterada é desqualificadora para o exercício da função de embaixador de Deus.
Um Embaixador é o funcionário
diplomático de mais alto nível acreditado junto a um Estado
estrangeiro ou organização internacional, encarregado de chefiar a missão diplomática de seu país que ostente a classificação de
Embaixada ou Delegação, ou seu equivalente. É este privilégio que Deus tem nos
concedido, sermos Seus representantes do mais alto nível.
Os embaixadores
identificados por Paulo, fazem parte da igreja que recebe de Deus por parte de
Pedro vários títulos:
1- Raça Eleita – o vocábulo grego
para ‘raça’ é ‘genos’. Este termo significa grupamento de gente com vida e
descendência comuns. Somos descendentes de Deus. Através da criação somos
criaturas, pela redenção somos filhos. A unidade fundamental de nossa
hereditariedade é CRISTO;
2- Sacerdócio Real – somos
sacerdotes pertencentes à família real. João em apocalipse também identifica os
santos como sacerdotes e reis (Apocalipse 1:6 e 5:10). A idéia de Pedro e João
de que os sacerdotes cristãos são também reis, acrescenta ênfase à elevada
posição e ao privilégio de que desfrutam;
3- Nação Santa – Pedro apresenta a
igreja de Cristo como um conglomerado de pessoas ‘santas’. É através da transformação moral pelo processo de
santificação que vamos sendo transformados segundo à imagem de Cristo. A igreja
é santa porque indivíduos foram ‘separados’(separação
para Deus faz parte inerente do termo grego’agios’). Homens e Mulheres
separados do mundo, de seus vícios e corrupções, como também da incredulidade.
O interessante é que Deus separa e depois ajunta, aglomera formando assim a Sua
Igreja , cujo termo grego ‘eclesia’ significa
assembléia, reunião;
4- Povo de Propriedade Exclusiva de
Deus – não pertencemos a nós mesmos, sendo assim, não podemos agir como melhor
nos pareça. Como afirmou o salmista: “Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e
dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (ver Salmo 100:3).
5- A Fim de Proclamardes – as
explanações acima são as justificativas para as responsabilidades dos indivíduos fieis, que juntos
formam o corpo organizado de Cristo, Igreja. ‘Virtudes’ do grego ‘arete’
que significa ‘excelência moral,
manifestação do poder divino.
O crente
deve exibir, em suas palavras e em sua vida, não meramente a bondade de Deus,
mas também a Sua glória, a Sua grandeza, todos os Seus nobres atributos, como a
justiça, a sabedoria e a força. Essa fora a responsabilidade dos hebreus, com o
infortúnio do fracasso, então Deus colocou essa responsabilidade sobre a Igreja
Cristã (ver Mateus 21:43). Essa responsabilidade é muito claramente descrita no
Antigo Testamento: “Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos
os povos, as suas maravilhas”. Salmos 96:3 / “Dêem honra ao Senhor e anunciem a Sua
glória nas terras do mar”. Isaias 42:10. E no Novo Testamento, principalmente
na comissão evangélica (ver Mateus 28:18 a 20).
O
verso para memorizar desta lição é uma preciosidade hermenêutica. Como corpo de
Cristo, a Igreja recebe este fundamento bíblico para sua existência, sua
missão, sua realidade espiritual.
Em
termos bíblicos é justificada a necessidade não somente de trabalhadores, mas
também do sentimento de urgência para a execução da semeadura e da colheita.
Ellen G. White declarou: “O Senhor chama
cristãos vivos, trabalhadores e crentes”. Review and Herald, 21 de abril de
1903.
Como
descendentes de Deus, nossas individualidades devem ser postas a serviço do
Senhor. Se a individualidade está pondo em risco a unidade do corpo de Cristo,
ela deve ser deixada de lado. Muitas vezes se faz necessário a submissão de
qualquer preferência pessoal, ou vontades para que Deus seja honrado e Sua obra
realizada.
“Os crentes de
Tessalônica eram verdadeiros missionários. Seu coração estava inflamado de zelo
pelo seu Salvador, que os livrara do temor da "ira futura". I Tess.
1:10. Mediante a graça de Cristo, operara-se-lhes na vida uma transformação
maravilhosa; e a Palavra do Senhor, pregada por eles, era acompanhada de poder.
Por intermédio das verdades apresentadas, corações foram ganhos e almas
acrescentadas ao número dos crentes”. Atos dos Apóstolos, 256.
Juntos somos mais fortes. Agora,
juntos e unidos a Cristo somos invencíveis. Raça, Sacerdócio, Nação, Povo.
Palavras que transmitem unidade que absorvem uma coletividade. Quando este
Povo, este Sacerdócio, esta Nação ou esta Raça estiver devidamente ligado a
Cristo, honra chegará ao terceiro Céu e as maravilhas de Deus serão desejadas
pela sociedade ora corrupta e anunciada pelos Seus trabalhadores.
Os relatórios sempre fizeram parte
das missões do povo de Deus. O relatório dos espias, relatório de Tiago ao fim
do Concílio de Jerusalém, há relatórios no Céu. Isto implícita ordem e
sistematização com fins didáticos. A igreja de Deus não poderia ser diferente.
Observe a declaração de Ellen G. White:
“É perfeita a ordem no Céu, assim
como a obediência, a paz e a harmonia. Os que não têm tido nenhum respeito pela
ordem e a disciplina nesta vida, não respeitarão a ordem observada no Céu. Não
poderão ser ali admitidos; pois todos quantos houverem de ter entrada no Céu
amarão a ordem e respeitarão a disciplina” Conselho Sobre Educação, 43.
Conclusão:
A história da humanidade tem demonstrado que
progressivamente o homem tem banido o pecado de seu pensamento como algo
inexistente. O psiquiatra Karl Menninger em seu livro What Happened to sin?
Evidencia que o homem moderno não se sente responsável perante Deus. O mal
perdeu sua dimensão vertical.
Dr. Russell Shedd afirma que “o pecado é uma
afronta ao justo Legislador do universo. Ele não excitou em destruir toda forma
de vida”. Fundamentos Bíblicos da Evangelização, 27. Isso nos faz lembrar
de que a ira de Deus não é nenhuma teoria abstrata, mas, a pura verdade.
O dilema humano repousa sobre seus atos maus, os
quais provocam uma aversão à luz do evangelho. Os homens têm odiado a única luz
capaz de salvá-los de seu destino. Essa situação não se parece com o vício das
drogas, do álcool e do tabaco? A condescendência leva a uma escravidão ainda
maior. No fim da estrada do pecado encontra-se o poder satânico da morte à
espera de suas vítimas para devorá-las.
Deus nos chama para efetuarmos a tarefa de levar
libertação para estes que estão repousando sobre o abismo, descansando nas
trevas, afundados no pecado.
Pr.
Clodoaldo Tavares dos Santos
Capelão do Colégio Adventista Cidade Nova – ABA –
UNB